sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Visão tecnicista assustadora


Estou esgotada psicologicamente. Rezo todos os dias para chegar rapidamente o dia 30 e embarcar daqui para fora. Estou entusiasmadissima com a super viajem que o meu grupo vai fazer para terras sul africanas. Vamos curtir a noite da cidade mais perigosa do mundo. Huuuuuuuu. A Taboo já me espera. Tenho que me abstrair de tudo.
A minha vida profissional suga-me até à medula. E o pior é que, por vezes, sinto que me estou a transformar numa técnica no verdadeiro sentido da palavra, o que é horrível. Os técnicos têm o horrível defeito de transformarem a visão humana em visão animal, de cavalo. Vêem para a frente, como se tivessem palas laterais nos olhos.
É com os técnicos deste Banco que me irrito, que discuto, que suspiro. O técnico perde por completo a visão comercial, a sensibilidade humana. Vive do cognitivo e mata o emocional. Estou a ser radical? Não.
A minha sorte é que lido com variadissimas áreas e tenho muita liberdade dentro e fora das minhas funções e é essa liberdade que me ajuda a deixar de lado esta visão tecnicista que criamos quando trabalhamos em organizações enormes e nos atribuem funções especificas.
A minha sorte é que tenho um chefe idiota que de vez em quando me dá um carolo e diz: “Abstraia-se, deixe a parte técnica de lado, crie”.
A minha sorte é que lido com os comerciais todos os dias e percebo as suas frustrações, questiono e provoco os clientes e percebo as suas insatisfações, dialogo com os quadros do banco e percebo o seu cansaço.
Dizia-me um amigo que estou perdida em Moçambique, subaproveitada. Que deveria estar num País super desenvolvido a aplicar este cansaço emocional em sistemas funcionais. Eu digo que, apesar de todos os contras, estou bem.
A vantagem de crescer profissionalmente em África é aprender a gerir pessoas no seu verdadeiro sentido. Aprender a transformar pessoas em capital humano. A superar barreiras numa economia debilitada. Ultrapassar problemas dentro de um sistema político falhado.
Num País onde tanto está por fazer, num País assim conseguir-se-á aplicar Gestão no seu mais puro conceito. Conseguir-se-á teorizar o conceito “Gestão”.

1 comentário:

  1. e mais, se a máquina já está perfeitamente oleada nós não a podemos melhorar, certo ? Trabalhar num contexto perfeito é aborrecido, não há um sentimento de contributo, de estar a ajudar algo a crescer...
    Por isso é de louvar que bons profissionais estejam onde são necessários e não onde se sentem bem.
    Dá-lhe

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