segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A Revista


Decidi fazer aquilo que nunca tinha feito, sim, é verdade. Em 26 anos nunca comprei uma revista daquelas da moda, aquelas que apelam ao consumismo, aquelas que põe as mulheres a delirar e a estoirar com os cartões de crédito dos amantes. Aquelas que te dizem, pinta os olhos assim porque tá na moda, mete o creme Vichy porque tem água das termas gregas, enrola o cabelo na pasta de tomates de macaco porque amacia os fios de cabelo mais irrequietos (como é que a pasta sabe que o fio da direita é irrequieto e o da esquerda não é?). Sim meus amigos, eu gastei os meus 300 meticais (quase 10 EUR) numa merda destas. Parecia um louca, sentada do Dolce Vitta a beber um café e a desfolhar em alta velocidade a minha revista. A Revista. Já lá estavam as amigas da farra e nem sequer puderam ver a capa, eu não deixei, é a minha Revista.
Tenho que confessar que adoro moda, roupa, acessórios e essas porcarias que nos fazem ficar giras e elegantes, mas também tenho que confessar que ando a reboque dos outros, isto é, eu vejo as revistas que os outros compram, vejo-as, desfolho-as e devolvo. O bom disto? Actualizo-me a custo zero. Viva à contenção de custos. Sou bancária e basta.
Lá fui eu com a minha Revista. Fiquei doida com os vestidos (que não são para o meu bolso), com os sapatos (que nunca irei comprar, só quando for RICA), as sombras, e os efeitos que ELES conseguem com ELAS, os corpos luzidios das modelos, os SPA do grife e tudo o resto que está na minha Revista. Fiquei doidona, parecia uma miúda.
Esta compra, esta barreira que consegui ultrapassar na minha vida merecia uma comemoração, uma pijama party com a minha amiga Michele. Lá estávamos as duas, espalmadas na minha cama, vestidas à pijama sexy, a beber Gin e a discutir a Moda.
Lá estávamos as duas a ver garrafas de vinho de 4 mil euros, gaijas boas, homens sexys e cremes, cremes, mais cremes, porra para os cremes.

Um à parte: Confesso que tenho um trauma com os cremes, a minha avó obriga-me a passar o cartão na farmácia todos os anos (nas minhas idas à Metrópole). Vá filha, tens 26 anitos, a tua pele vai começar a envelhecer, trata-te. Ya avó, a verdade é esta: desde os 16 que compro os teus cremes, não os uso e a minha pele continua magnifica.

Que loucura. A Revista é um catálogo da La Redoute em versão mais chique, mais snob. É o apelo ao consumo numa altura de crise. É a ilusão que nós mulheres só seremos bonitas se seguirmos à risca a Moda. É, definitivamente, a minha Revista.

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